Lucca Willians
A Pinacoteca Municipal de Bauru inaugura no dia 13 de março a exposição "Dinda, uma representante da Arte Naïf brasileira em Bauru", a partir das 20 horas. A exposição é uma homenagem à artista plástica Myriam Therezinha Vanzella Sanson, conhecida como Dinda. Na abertura - que contará com a presença da artista- a Companhia Estável de Dança apresenta uma coreografia inspirada na obra da artista.
A exposição se tornou possível por meio de um projeto aprovado pelo Programa de Estímulo à Cultura de Bauru (PEC - Edital 2018), patrocinado pela Secretaria de Cultura. Por meio da verba, 41 telas da artista passaram por processos de conservação e restauro, que inclui higienização, reforço de borda e emolduração.
Como contrapartida do projeto, cerca de metade do acervo será doado à Pinacoteca Municipal de Bauru, estando disponível para visitação e estudo de instituições acadêmicas interessadas. O resultado final do projeto é a exposição, que marca o momento em que Bauru poderá conhecer mais de sua representante na arte naïf.
A exposição terá curadoria de Cleide Biancardi, que espera que "os visitantes, espectadores e estudiosos conheçam a produção de uma mulher, bauruense de coração, que compartilha um pouco de suas lembranças, com seus amigos, seus colegas artistas, conterrâneos e estudantes da arte no Brasil".
O período de exposição é até dia 05 de junho e todos os grupos agendados contam com monitoria durante a visitação.
Sobre o projeto - PEC
O proponente do projeto é Eric Max Hess. Psicólogo, ele atua como assistente de restauro, executando trabalhos de conservação, restauração, organização de ateliê e restauro de molduras antigas, além de dar monitorias em ações educativas.
Eric participou do edital 2018 como proponente do projeto que culminou na exposição "Dinda, uma representante da Arte Naïf brasileira em Bauru". O projeto realizou o restauro em obras da artista, realizado por meio da catalogação e análise dos quadros, higienização, limpeza química, retoques, reforço de bordas entre outros processos.
O trabalho será mesclado com ações educativas, como a oficina de restauração de arte naïf, e uma palestra sobre monitoria para a exposição, com a curadora Cleide Biancardi.
Uma das contrapartidas do projeto é a doação de 20 destas obras restauradas ao Acervo Municipal de Artes Plásticas (AMAP), da Pinacoteca. A restauradora Adriana Vera Duarte, que coordenou todos os processos, destaca que o acervo servirá como fonte de pesquisa da arte naïf bauruense "o projeto possibilitará a divulgação da produção artística da Dinda para as novas gerações e também o acesso do ambiente acadêmico às obras, como importante fonte de pesquisa", explica Adriana.
Na noite de abertura, a Companhia Estável de Dança de Bauru apresentará uma coreografia com cenas que remetem às obras da artista. Intitulada "Sertaneja", a coreografia foi criada por Yola Guimarães para o grupo Imagem de Bauru em 1985, e conta com figurinos de Elvira Roda e uma trilha sonora com alguns clássicos da música sertaneja raiz.
A coreografia relata a vida do homem no campo. Sivaldo Camargo, diretor da Companhia, explica um pouco sobre a dança: "sendo o Brasil tão forte em tradições, Yola Guimarães sente um carinho especial com o Brasil sertanejo e suas riquezas. Mas também retrata de forma poética a dura realidade do jovem que logo cedo pega na enxada e vai aos poucos aprendendo a amar e a valorizar o trabalho. A morena trigueira que não vê a hora de dançar o arrasta pé no final de semana e a inocência e doçura do primeiro beijo, que muitas vezes terminam no altar da igrejinha da praça".
A Arte Naïf, chamada também de arte "ingênua", retrata imagens rurais, cotidianas, festejos religiosos e populares, sendo proferida por artistas, em sua maioria autodidatas, que se pautam na espontaneidade, individualidade e nacionalidade, sem se enquadrarem em uma tendência artística ou acadêmica.
Ao lado de países como França, Itália, Haiti e ex-Iugoslávia, o Brasil teve uma grande representatividade nesse estilo, alcançando notoriedade na década de 50 com os pintores Heitor dos Prazeres e Chico da Silva, fortalecendo-se com a riqueza de temas do contexto brasileiro.
Conheça mais sobre a história de Dinda
Myriam Therezinha Vanzella Sanson, a Dinda, como passou a ser reconhecida, nasceu em 18 de agosto de 1930, em Guarantã (SP). Morando em Bauru, foi uma das primeiras artistas a trabalhar com a arte naïf na cidade. Atuando como professora no ensino infantil, dedicou-se à pintura, iniciando com a porcelana e, posteriormente, desenvolveu a pintura em tela com suas primeiras exposições na década de 80. Em Bauru, seu atelier localizava-se na rua Gerson França.
Ao longo de sua carreira, a artista plástica expôs em todo o Brasil, participando de diversas exposições coletivas e individuais. Ao alcançar reconhecimento internacional suas obras chegaram às galerias da França, Portugal, Estados Unidos, Itália e Japão. Seus quadros estão também espalhadas em acervos públicos e particulares, tais como o Museu do Sol de Penápolis, o Museu Primitivista de Assis, a Maria Calas Art Gallery em Miami (Flórida/EUA), e South Flórida Art Center em Miami (Flórida/EUA).
Cleide Biancardi é graduada em desenho e educação artística pela Fundação Educacional de Bauru. Mestre e Doutora em artes pela Escola de Comunicação e Artes (ECA-USP), realizou seu pós-doutorado em Portugal (1990). Lecionou no Campus da Unesp-Bauru disciplinas na área de estética e história da arte, história do design e da arquitetura no brasil, exercendo também atividades como avaliadora institucional e de cursos do MED/INEP e do Conselho Estadual de Educação de São Paulo.
Serviço
Exposição "Dinda, uma representante da Arte Naïf brasileira em Bauru"
Abertura: 13 de março, às 20h, com apresentação da Cia. Estável de Dança de Bauru
Período de Visitação: 16 de março a 05 de junho (segunda a sexta, das 9h às 17h30)
Local: Pinacoteca Municipal/Casa Ponce Paz
Endereço: Rua Antônio Alves, 9-10, Centro
Classificação livre e entrada gratuita
Agendamento: (14) 3232-1552
Com informações da Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Bauru.