Alex Silva
Talvez seja chover no molhado falar que um jogo decisivo é diferente, mas tem gente que parece que custa a entender isso. O Sesc Flamengo vinha de um momento conturbado, crise no elenco, derrotas contundentes na Superliga, mas pelo menos no primeiro jogo dos playoffs pareceu ter virado a chave. A equipe comandada pelo técnico Bernardinho fez o básico na última quinta-feira, encarou o confronto como decisivo e se aproveitou dos erros e do nervosismo do Sesi Vôlei Bauru para vencer na Panela de Pressão por três sets a um e largar na frente na série melhor de três.
A verdade é que, apesar de em muitos momentos o técnico Bernardinho e a capitã Amanda quererem apitar o jogo, impressionou a frieza que o Sesc Flamengo teve para lidar com a partida em momentos críticos, o que não vinha acontecendo nessa Superliga. Mesmo em momentos de adversidade, a equipe teve foco e frieza para conseguir trabalhar no side-out e não deixar o Sesi Bauru tomar conta da partida em nenhum momento.
Com calma, tranquilidade e foco que o momento exigia, a equipe conseguiu entrar no jogo e fez o necessário para vencer a partida. O jogo coletivo funcionou. A linha de passe do Sesc Flamengo entregou e assim a levantadora Juma fez uma boa partida na distribuição, tanto que ganhou o Viva Vôlei, e contou com suas bolas de segurança nas mãos da central Juciely, da jovem revelação Ana Cristina e também da oposta Lorenne. Juntas, elas somaram 41 pontos de ataque, com destaque para Lorenne que anotou 21 pontos na partida e foi a maior ponutadora do jogo.
Além disso, o bloqueio e o saque do time carioca também funcionaram, o que facilitou o jogo. Foram nove pontos no primeiro fundamento e seis no segundo, isso sem contar quando o saque dificultou a linha de passe do Sesi Vôlei Bauru.
Se de um lado teve calma, frieza e sabedoria para entender o que era um jogo de playoff, do outro isso faltou. A equipe do Sesi Vôlei Bauru em muitos momentos entrou em parafuso durante a partida, tomando decisões erradas e acabou entregando o jogo por erros bobos e que poderiam ser evitados, principalmente no primeiro set. No total foram 31 pontos cedidos por erros, enquanto o Sesc Flamengo cedeu apenas 23.
O fundo de quadra bauruense também deixou a desejar, não entregando a bola na mão da levantadora Dani Lins. Dobriana Rabadzieva anotou 14 pontos e foi a segunda maior pontuadora do time, mas precisa render mais no fundo de quadra do que rendeu hoje, afinal de contas ela foi contratada para resolver o passe bauruense. Já a ponteira Suelle que vinha estabilizando o passe do Sesi Vôlei Bauru, teve uma péssima atuação nessa noite e já no primeiro set foi substituída por Vanessa Janke que melhorou a equipe no fundamento, mas que contribuiu com apenas três pontos no ataque.
Por falar em substituição, uma chamou a atenção. Com a oposta Polina Rahimova mal no jogo e cometendo muitos erros, Rubinho sacou a azeri da partida e lançou Tiffany na saída de rede, algo que já poderia ter sido testado há muito tempo. A alteração não mudou muito o patamar do jogo, mas na base do teste, ficou claro que Rubinho ganhou mais uma oposta no elenco. Sem a obrigação de cuidar do fundo de quadra, Tiffany anotou 14 pontos de ataque, com um aproveitamento de 40% e terminou o jogo como a maior pontuadora do time com 16 pontos.
Outro detalhe, vendo pelas partidas, não dá para entender o motivo pelo qual Fernanda Isis não entra como titular. É significativa a melhora da equipe quando ela entra, porém Rubinho segue insistindo com Mara e Adenízia como a dupla titular de centrais.
Por fim, ganhou o jogo quem entendeu a importância da partida e errou menos. Agora com um a zero na série, o Sesc Flamengo se classifica para as semifinais se vencer o próximo jogo na segunda-feira, às 19h, no Rio de Janeiro. Já o Sesi Vôlei Bauru precisa vencer para forçar o jogo três e ainda sonhar com uma classificação para a próxima fase da Superliga.