Jamile Diniz
Em um levantamento elaborado pelo (M) Dados – núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles – Bauru aparece como um dos 160 municípios que teriam aplicado vacinas vencidas contra a Covid-19. Com dados fornecidos pelo Ministério da Saúde, a informação é de que três pessoas teriam sido vacinadas com imunizantes da Oxford/AstraZeneca fora do prazo de validade.
O Departamento de Saúde Coletiva da Secretaria Municipal de Saúde, por sua vez, explica que a cidade teria errado no momento de preencher os dados. Isto é, nenhum bauruense teria recebido vacinas vencidas.
Em nota, o órgão informa que o preenchimento é realizado pela seleção de códigos que são disponibilizados previamente por meio do sistema. Nessas três ocasiões, porém, o número teria sido escolhido de forma errada. Assim, um lote com validade expirada teria sido selecionado e não a dose realmente aplicada – que ainda estava dentro do prazo de validade. "Houve um erro na escolha do lote. O sistema permite escolher entre vários lotes. A secretaria informa, entretanto, que já foram sanadas as divergências e, tão logo haja uma atualização no sistema do Ministério da Saúde, estes dados estarão corrigidos automaticamente".
No levantamento, consta que 1.254 pessoas em 160 cidades de 23 estados teriam sido imunizadas com doses vencidas. Os municípios de Jaú, Marília, Lençóis Paulista e Lins também aparecem no documento, que foi obtido por meio do cruzamento de informações oficiais sobre vacinas aplicadas com registros de envios de imunizantes para as cidades.
As doses que aparecem no levantamento em questão foram fabricadas na Índia e importadas já prontas pelo Brasil, dos lotes 4120Z001, 4120Z004 e 4120Z005. A data de validade, entretanto, é de apenas seis meses e expirou em 29 de março, 13 e 14 ade abril, respectivamente. Estes foram os primeiros lotes do imunizante da Oxford/AstraZeneca a serem entregues no Brasil, e começaram a ser aplicados somente no dia 23 de janeiro.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) – que é responsável pela produção do imunizante no Brasil – informou, por meio de nota, que os lotes em questão foram produzidos em outro de 2020 e que, a partir da data que chegaram em solo nacional, ainda teriam tempo de serem aplicados dentro do Programa Nacional de Imunizações (PNI). A instituição ainda reforçou que "o uso fora da validade pode comprometer os resultados esperados de proteção da vacina contra a Covid-19" e que é preciso seguir o manual de boas práticas que inclui observar com atenção o prazo para uso dos imunizantes.
Revisado por Alexandre Pittoli