Luiz Rosa
Mais um live action na empreitada de remakes da Disney. Desta vez trata-se de uma reconstrução um pouco diferente, afinal de contas já temos dois filmes dos 101 Dalmatas: a primeira animação, de Clyde Geronimi, Hamilton Luske e Wolfgang Reitherman (1961), e a versão filmada, de Stephen Herek (1996) com a maravilhosa Glen Close. Desta vez, trata-se da reconstrução da própria Cruela De Vil. Acompanhamos o surgimento da personagem de uma forma onde os fans mais puristas da Disney podem não apreciar. Entretanto, o que realmente parece ser o foco e, na minha opinião, o grande trunfo deste filme (além, é claro, da potência da maravilhosa dupla Emma Stone e Emma Thompson) é o figurino. Por esta razão chamei a minha também maravilhosa esposa Leticia Trevisan que mais entende do mundo feshion para uma colaboração na crítica de moda ao figurino do filme.
Logo no início somos apresentados a um visual que será bem característico da personagem durante todo o filme. Na pré-escola, a personagem já se apresentava com um visual mais “rebelde”, vestindo a jaqueta do avesso com o forro customizado todo escrito, o AllStar de cano médio marcante da época e a meia longa na canela.
Podemos perceber, ao longo de todo o filme, algo que é bem característico da personagem: carregar um look mais pesado. Com cores fortes, um estilo rocker, a presença de coturnos, roupas, em grande parte, na cor preta, meias peculiares e cheias de detalhes, tudo em sintonia com a atitude interpretada pela atriz dão vida a esta nova Cruella. Também é comum ver a personagem com boinas, e para um toque final, quase que como um disfarce Clarck Kent/Superman, um óculos no modelo gatinho que separa as duas personas da protagonista: Estella & Cruella. Em suas criações como designer, nota-se a busca por um estilo não tão clássico - quebras do tradicional - utilizando muitos babados e peças volumosas.
Com um figurino genial, a atriz consegue transmitir e elevar a personalidade de sua personagem em perfeita sintonia com seus trajes. Uma personagem reconstruida não somente em uma história densa, mas também em um figurino impactante que consegue descrevê-la por si só.
Pode estar longe de ser o melhor filme da Disney de todos os tempos, mas não é um filme ruim de forma alguma. Muito divertido, bem atuado e certamente um banquete para os olhos de quem aprecia a moda, Cruella se torna mais um triunfo do estúdio, que pode ter errado a mão com Rei Leão e Mullan (e errou feio com este último), mas parece estar se encontrando com os divertidos A Dama e o Vagabundo e Aladin (que acertou em cheio com Will Smith como o gênio da lâmpada). Resta esperar para saber o que mais virá por aí, mas tudo indica que esta não é a última vez que vemos a Cruella de Emma Stone.