Análise: Kill Bill (Vol. 1 & 2)

  • Luiz Rosa

Depois de Cães de Aluguel (1992), Pulp Fiction (1994) e Jackie Brown (1997), Quentin Tarantino já havia se posicionado como uma grande nova voz do cinema na década de 90. Foi quando o diretor se sentiu confiante e obteve carta branca para filmar indiscriminadamente seu magnum opus da vingança: um filme de mais de quatro horas de duração que acabou sendo dividido nos famosos Kill Bill Volume 1 e 2, os quais o diretor ainda insiste em chamar de “um filme só”. Kill Bill conta a história de Beatrix Kiddo, também conhecida como “A noiva”, uma assassina profissional que ao acordar de um coma de quatro anos busca vingança contra a equipe de assassinos que a traiu e seu líder Bill.

Apesar das intenções do diretor, Vol. 1 e 2 são esteticamente bem diferentes. Ambos os filmes são um incrível mosaico cinematográfico em seu próprio mérito. Volume um nos apresenta uma estética que remete aos filmes antigos de Kung Fu, de Samurai e até mesmo às animações japonesas. Enquanto o primeiro volume possui maior energia evocada dos filmes de luta além de uma vibrante paleta de cores e uma fantástica trilha sonora, Kill Bill vol. 2 é um filme mais reconcentrado e reminiscente dos áridos filmes de faroeste, especialmente os Spaghetti western de Sergio Leone, com momentos mais anti climáticos e cenas mais estendidas. Dito isso, o segundo volume da obra não se esquiva das lutas e piscadelas para os filmes de Kung Fu.

Kill Bill pode não ser a melhor obra de Tarantino mas com certeza é um dos filmes que ele mais se divertiu fazendo (afirmado pelo próprio diretor) e podemos ver isso refletido no filme. Muito se diz sobre Era uma vez em Hollywood ser a carta de amor de Tarantino para o cinema, pode até ser, mas Kill Bill é definitivamente a personificação deste amor. Rico em detalhes, personagens interessante, diálogos afiados (marca registrada do diretor) e uma infinidade de referências à história do cinema esse caleidoscópio cinematográfico não pode ficar de fora da sua lista de filmes para ver.