Luiz Rosa
Uma bela edição em um ano tão terrível e avassalador para o cinema enquanto experiência da sala escura a qual estávamos acostumados. Uma maravilhosa lista de filmes em uma cerimônia incomumente justa, talvez porque dessa vez não tinha muito como a academia "escolher errado", nos lembram que quando o assunto são filmes não se trata apenas de ir ao cinema, mas sim da paixão de fazer cinema.
O grande vencedor da noite, "Nomadland", de Chloé Zhao, tornou a diretora a segunda mulher a ganhar o Oscar de melhor direção e a primeira mulher asiática a ganhar tal prêmio. Além das premiações de melhor filme e direção, Frances McDormand levou o Oscar de melhor atriz, categoria disputadíssima este ano com nomes como: Viola Davis, em "A voz suprema do blues", Andra Day em "Estados Unidos Vs Billie Holiday", Vanessa Kirby em "Pieces of a woman" e Carey Mulligan em "Bela vingança".
Falando em grandes atuações, dois grandes destaques, que para mim foram o melhor da noite, levaram a estatueta de melhor ator e melhor atriz coadjuvante. Sir Anthony Hopkins, Meu pai, levou a estatueta com uma potente e tocante atuação, transmitindo de forma sensível as vulnerabilidades e agressividades de uma mente idosa atormentada pela demência.
Youn Yuh-jung em Minari, primeira atriz sul-coreana a levar a estatueta de melhor atriz coadjuvante, também representa as tribulações e limitações da terceira idade. A presença e energia da atriz em cena no início do filme são cativantes, à medida que a trama avança e as adversidades da idade se apresentam, a atriz é capaz de comunicar expressivamente sua atuação através das sutilezas dos gestos e dificuldade dos movimentos do corpo.
Além disso, tivemos as figurinhas marcadas de sempre: Christopher Nolan e efeitos visuais, Pixar com o Oscar de melhor animação, até aí nada de novo sob o sol. Porém, Em menções honrosas eu gostaria de citar Thomas Vinterberg com "Druk, Mais uma rodada", a atuação de Chadwick Boseman em "A voz suprema do blues", o documentário "Professor Polvo" de James Reed e Pippa Ehrlich e a merecidíssima premiação de melhor cabelo e maquiagem para "A voz suprema do blues", tornando Mia Neal e Jamika Wilson as primeiras mulheres negras a ganharem a estatueta nesta categoria. Além, é claro, de "Mank", de David Fincher, uma bela obra sim, mas se você não souber um pouco do bê-á-bá da história do cinema hollywoodiano muito do filme vai lhe passar batido. Por fim, terminamos a noite com uma bela e respeitosa premiação do Oscar, que nos lembra que apesar de um ano muito difícil ainda tivemos belíssimos filmes marcantes nessa edição com diversidade, representatividade e grande sensibilidade.