Lucca Willians
Preocupada com os efeitos do distanciamento social nos integrantes da comunidade universitária, a Unesp reuniu a expertise de um grupo de servidores docentes e técnico-administrativos em torno de um projeto de teleacolhimento, concebido para utilizar as tecnologias digitais de comunicação com a finalidade de trocar experiências e minimizar o estresse e eventuais situações de sofrimento motivados pela pandemia de Covid-19.
Na última sexta-feira (17 de abril), o governo estadual prorrogou o período de quarentena nos 645 municípios de São Paulo até 10 de maio. É a segunda prorrogação das medidas que determinaram, desde 24 de março, o isolamento domiciliar da população paulista. Neste domingo (19 de abril), o Estado de São Paulo ultrapassou o número de mil mortes em decorrência da doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-19). Até o momento, são 1.015 óbitos e 14.267 casos confirmados, distribuídos em 228 cidades paulistas.
Em meio a esse cenário, o projeto de teleacolhimento da Unesp vai oferecer, ao longo das próximas semanas, 43 horários por semana para interação virtual, destinados para servidores técnico-administrativos, professores e estudantes. Nesses encontros online, que contarão com grupos de até 20 pessoas, os participantes terão a oportunidade de se conectar a uma rede de apoio formada por mediadores e facilitadores voluntários. Embora esta rede seja composta essencialmente por psicólogos, egressos e estudantes dos cursos de psicologia da Universidade, não se trata de psicoterapia, e sim de um serviço de teleacolhimento para a comunidade universitária.
O projeto foi estruturado em cima de Comunidades Virtuais de Aprendizagem e Enfrentamento à Covid-19 criadas no Google Meet, ferramenta para videochamadas disponível a todos que possuem o email @unesp.br. O acesso ocorre por meio de telefone celular ou computador com acesso à internet.
Foram criadas três comunidades virtuais (CVAs), cada uma delas direcionada a acolher um público específico: uma para alunos de graduação que residem em moradias estudantis e para os calouros de 2020; outra para professores, pesquisadores e alunos em intercâmbio ou missão no exterior; e uma terceira exclusiva para os servidores técnico-administrativos. Os encontros online têm cerca de 90 minutos de duração. As vagas são limitadas.
Inscrições
Para participar, estudantes ingressantes e residentes em moradia estudantil devem escrever para o email teleacolhimento1@gmail.com e fazer a inscrição em uma das comunidades virtuais com dias e horários de início conforme tabela abaixo:
Inscrições pelo email teleacolhimento1@gmail.com | ||||||
SEGUNDA-FEIRA | 9h30 | 13h30 | 19h | 19h30 | -- | -- |
TERÇA-FEIRA | 9h | 14h30 | 15h30 | -- | -- | -- |
QUARTA-FEIRA | 9h | 9h30 | 10h | 14h | 19h | -- |
QUINTA-FEIRA | 9h | 10h | 13h30 | 14h | 16h | 18h30 |
Os professores, pesquisadores e alunos em intercâmbio ou missão no exterior interessados em participar do teleacolhimento devem escrever ao email teleacolhimento2@gmail.com. Na tabela abaixo, os dias e horários de início das comunidades virtuais para esse grupo (horários de Brasília):
Inscrições pelo email teleacolhimento2@gmail.com | ||||||
SEGUNDA-FEIRA | 9h30 | 10h | 14h | -- | -- | -- |
TERÇA-FEIRA | 9h | 10h | 14h30 | 15h30 | -- | -- |
QUARTA-FEIRA | 9h | 13h30 | 17h | -- | -- | -- |
QUINTA-FEIRA | 10h | 14h30 | -- | -- |
Servidores técnico-administrativos interessados devem escrever para o email teleacolhimento3@gmail.com e fazer a inscrição em uma das comunidades virtuais com dias e horários de início indicados na tabela abaixo:
Inscrições pelo email teleacolhimento3@gmail.com | ||||||
SEGUNDA-FEIRA | 9h30 | 13h30 | 16h30 | -- | -- | -- |
TERÇA-FEIRA | 14h | 19h | -- | -- | -- | -- |
QUARTA-FEIRA | 9h30 | 10h | 15h30 | 17h | 19h | -- |
QUINTA-FEIRA | 17h | 19h | 19h30 | -- | -- | -- |
Trabalho multicâmpus
Ajudaram a estruturar o projeto de teleacolhimento as supervisões do Centro de Pesquisa e Psicologia Aplicada (CPPA) da Unesp em Assis e do Centro de Psicologia Aplicada (CPA) da Unesp em Bauru; a coordenação do Instituto de Pesquisa e Práticas Pedagógicas (IEP³) da Unesp; a Ouvidoria-Geral da Universidade; e servidores voluntários dos câmpus de Assis, Bauru, Botucatu e São José do Rio Preto. A articulação inicial partiu do Comitê Unesp Covid-19.
A recém-criada rede de teleacolhimento da Unesp começou a funcionar, ainda em caráter experimental, nas primeiras semanas de abril. Na coordenação da rede de voluntários está a psicóloga Carolina da Silva Maeda, servidora técnico-administrativa do câmpus de Bauru. Dúvidas em relação ao projeto podem ser enviadas para o email teleacolhimento@unesp.br.
Veja abaixo os relatos dos profissionais que ajudaram a formatar o projeto.
"Diferentemente de uma catástrofe, na qual a situação traumática se coloca de pronto, aqui no enfrentamento da Covid-19 o 'trauma' fica em suspenso, ou seja, 'chega e não chega'. Tal impasse é bastante complexo, porque uma situação como essa, tão indefinida, é a meu ver uma espécie de 'estresse pré-traumático'"
Gustavo Henrique Dionísio, psicólogo e supervisor do CPPA da Unesp em Assis"Esta experiência tem mostrado que o projeto é uma resposta cujo alcance não é apenas assunto de uma só pessoa, mas esforço de toda uma cultura crítica acadêmica voltada ao outro"
André Luiz Gellis, psicólogo e supervisor do CPA da Unesp em Bauru"O projeto pode criar uma sólida rede de solidariedade porque coloca a empatia, a generosidade, a colaboração e todos os valores mais importantes da humanidade como ponto central das relações e isso pode minimizar relações desiguais e egoístas tão presentes na sociedade contemporânea"
Claudia Maria de Lima, ouvidora-geral da Unesp e professora da Unesp em São José do Rio Preto"É um serviço de acolhimento necessário nesses tempos difíceis, em sintonia com a preservação das relações interpessoais, a manutenção do vínculo e o estímulo de ações colaborativas. Todos ganhamos preservando o diálogo"
Alessandra de Andrade Lopes, psicóloga e coordenadora do Instituto de Pesquisa e Práticas Pedagógicas (IEP³) da Unesp"Todos envolvidos reuniram-se em torno de uma ideia em comum: oferecer um acolhimento para a nossa comunidade. Esse envolvimento demonstra a importância dessa união como uma maneira de cooperação e colaboração nesse momento de crise"
Mary Yoko Okamoto, psicóloga e professora da Unesp em Assis"Por vezes, não sabemos o que fazer com o que sentimos. O projeto de comunidades virtuais proposto pretende ser um espaço de acolhimento e cuidado através da partilha de sentimentos, assim como de troca de estratégias geradoras de bem-estar"
Maria Luísa Vichi de Campos Faria, psiquiatra do Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox) da Unesp em Botucatu
Com informações de Fabio Mazzitelli